sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

DIFERENÇAS ENTRE O QUE É BOM E O QUE É ESSENCIAL


Tentaremos encorajar o leitor a pensar de uma maneira diferente.
Vamos começar com a seguinte pergunta: 'Comer carne é bom?', muitos dirão que sim, mas segue outra pergunta;
 ''Mas é essencial?' ou seja, se separarmos a carne de sua  dieta diária, você irá morrer?
Pensando de uma outra forma: 'Ir a igreja é bom?' muito dirão, que sim, mas é essencial?
Pense comigo, se eliminarmos os templos, igrejas, salões, os cristão desapareceriam? Se proibissem os cultos, a igreja deixaria de existir? Se não tivesse mais grupo de louvor, coral, coreografia, deixaria de ter o culto? Se fosse eliminada a pessoa do pastor, deixaria de ter pregação?
Claro que não! Jesus nunca precisou de Templos, salões, grupo de louvor e "pop stars", para propagar a sua palavra e salvar vidas.
Tudo isto pode ter aparência de bom, mas não é essencial Col.2:22-23.
O essencial e saber que: 'Mateus 18:20  Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí, estou eu no meio deles.'
A verdadeira Igreja de Cristo e esta está em maiúsculo, não está presa numa gaiola de ferro e concreto, mas está livre e dinâmica para proclamar o Reino de Deus, pois fomos chamados para atender o Ide e não o Vinde para nossos templos. como está escrito: 'Marcos 16:15  E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura.' Isto sim e essencial.

por: Zé Geraldo

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domingo, 19 de dezembro de 2010

Porque preferimos nossos lares?


Uma vez já lhe perguntaram: "Que igreja você frequenta?". Esta pergunta é muito comum hoje em dia, de modo especial entre cristãos. No entanto, esta pergunta em si toca uma nota significativa no propósito de Deus. Considere você a seguinte situação:
Suponhamos que no lugar onde você trabalha, um novo empregado foi recentemente contratado. Ao falar com ele, você se intera de que é cristão. Quando lhe pergunta a que igreja vai, ele lhe responde dizendo: —Eu frequento uma igreja que se congrega numa casa. Ao escutar sua resposta, que pensamentos percorrem tua mente? Pensa você: "Bom, isso é bastante estranho —este tipo deve ser um desajustado religioso ou alguma classe de proscrito emocional." Ou: "Talvez faça parte de alguma seita estranha ou de algum excêntrico grupo marginal." Ou: "Este cara deve ser orientado —porque não frequenta uma igreja regular?" Ou: "Seguramente este tipo tem de ser algum grupo rebelde; provavelmente é incapaz de submeter-se, caso contrário estaria frequentando uma igreja normal —você sabe, aqueles que congregam em um edifício."
Desafortunadamente, estes são os pensamentos que passam pela mente de muitos cristãos modernos, ao se depararem com a idéia de uma ‘reunião de igreja caseira’. Mas aqui está o ponto central: o lugar de reunião desse novo empregado era exatamente o mesmo de todos os cristãos mencionados no Novo Testamento! De fato, durante os primeiros três séculos desde seu nascimento, as igrejas locais se reuniam nos lares de seus membros. Robert Banks, erudito neotestamentário, faz esta observação:
Considerando pequenas reuniões de apenas alguns cristãos numa cidade, como reuniões maiores que compreendiam toda a população cristã, era no lar de um dos membros onde se tinha a ‘ekklesía’ —por exemplo no ‘terraço’. Apenas depois de passados três séculos é que temos evidência da construção de edifícios especiais para as reuniões cristãs (Paul’s Idea of Community /O conceito que Paulo tinha da comunidade/).
O lugar que os cristãos primitivos usavam normalmente para reunir-se não era outro senão suas casas. Qualquer outra coisa seria exceção e, com toda segurança, seria algo fora do comum. Note você as passagens seguintes:
...E (os que tinham crido, partiam) o pão NAS CASAS .. (atos 2:46)
E Saulo assolava a IGREJA, invadindo CASA por CASA... (Atos 8:3)
...Mesmo assim nunca fugi de falar a verdade a vocês, tanto publicamente como NAS SUAS CASAS... (Atos
20:20)
Saudai a Priscila e a Áquila, meus colaboradores em Cristo Jesus... Saudai também à IGREJA de sua CASA... (Romanos 16:3 e 5)
As igrejas de Ásia vos saúdam. Áquila e Priscila, com a IGREJA que está em sua CASA, saúdam-vos muito no Senhor. (1 Coríntios 16:19)
Saudai aos irmãos que estão em Laodicéa, a Ninfas e à IGREJA que está em sua CASA. (Colossenses 4:15)
...E à amada irmã Apia, e a Arquipo nosso colega de milícia, e à IGREJA que está em tua CASA. (Filemom 2)
Se alguém vem a vocês e não traz esta doutrina, não o recebais em CASA, nem lhe digais: Bem-vindo! (2 João 10)

Estes textos bíblicos demonstram amplamente que, normalmente, a igreja primitiva se reunia nos hospitaleiros lares de seus membros (vide também Atos 2:2; 9:11; 10:32; 12:12; 16:15, 34 e 40; 17:5; 18:7; 21:8).
Portanto, os crentes do primeiro século não sabiam nada a respeito do equivalente a um edifício de ‘igreja’ de hoje. Também não sabiam nada a respeito de casas convertidas em basílicas, com bancos fixos de madeira dura, com um púlpito acompanhando o mobiliário da salão .Se tais coisas são comuns no século vinte, as mesmas eram estranhas para os crentes do primeiro século. Os cristãos primitivos simplesmente se congregavam em casas, em habitações comuns e normais. Assim, pois, o Novo Testamento não conhece nada parecido com ‘edifícios/igrejas’. Conhece a ‘igreja caseira’.
Que fazia a igreja primitiva quando tornava-se demasiado grande para congregar-se numa só casa? Não erigia um edifício, mas simplesmente se ‘multiplicava’ e se reunia em várias casas, seguindo o princípio ‘nas casas’ (Atos 2:46; 20:20). Neste aspecto, a erudição neotestamentária concorda hoje em que a igreja primitiva era essencialmente uma rede de congregações baseadas em lares. Portanto, se existe algo considerado como igreja normal, esse algo é a igreja que se reúne numa casa. Ou como um autor expressou: "Se há uma forma neotestamentária da igreja, é a igreja caseira."
Não obstante, alguns argumentam dizendo que os cristãos primitivos teriam erigido edifícios especiais, se não estivessem sob perseguição; portanto, reuniam-se em lares para esconderem-se de seus perseguidores. Embora tal idéia seja algo popular, é baseada em pura conjectura e se conforma pobremente com a evidência histórica. Bill Grimes, no livro de Steve Atkerson, cristaliza este ponto dizendo:
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Muitos descartam as igrejas caseiras primitivas como resultado de perseguição. No entanto, qualquer livro da história da igreja terá de revelar que a perseguição anterior ao ano 250 era esporádica, local (não generalizada) e normalmente mais resultante da hostilidade do populacho do que de um decreto oficial romano. Assim, este mito da ‘perseguição’ distoa das Escrituras. Atos 2:46 , 47 descreve as reuniões caseiras num tempo em que "a cidade inteira tinha simpatia com eles". Quando eclodiu a perseguição, o fato deles se reunirem nas casas não impediu Saulo de saber exatamente onde ir para prender os crentes (Atos 8:3). Obviamente eles não mantinham segredo sobre o local onde se reuniam (Toward a House Church Theology /Por uma teologia da igreja caseira/).
Se lemos o Novo Testamento com a intenção de entender como os cristãos do primeiro século se relacionavam uns com os outros, descobriremos que se reuniam em suas casas por razões que estão em harmonia com seus princípios espirituais. Assim, estas razões são aplicáveis a nós hoje com tanta pertinência como eram aos primeiros cristãos. Vejamos aqui algumas delas.
(1) O Lar é o Ambiente Natural para a Relação Mútua
Todas as instruções que os apóstolos deram com respeito à reunião eclesial, encaixam melhor no ambiente do pequeno grupo caseiro. As práticas eclesiais apostólicas regulamentares, como a participação mútua (Hebreus 10:24, 25); o exercício dos dons de cada membro (1 Coríntios 14:26); a mútua edificação, os irmãos costituindo uma comunidade em contato direto, intencional (Efésios 2:21, 22); a refeição comunal (1 Coríntios 11); a transparência e a responsabilidade sinceras dos membros uns para outros (Romanos 15:14; Gálatas 6:1, 2; Tiago 5:16, 19, 20); a liberdade de perguntar e do diálogo interativo (1 Coríntios 14:29-40); e a koinwníiva /koinonía/ (vida compartilhada) do Espírito orientada para a liberdade (2 Coríntios 3:17; 13:14), todas operam melhor num ambiente de grupo pequeno tal como uma casa.
Em suma, as mais de cinquenta exortações envolvendo "uns aos outros" que há no Novo Testamento não podem ser obedecidas e levadas para o campo da prática devidamente, a não ser em um ambiente caseiro. Por esta razão, a reunião eclesial caseira conduz eminentemente à realização do propósito eterno de Deus —um propósito centrado na "edificação conjunta" de um Corpo na semelhança do Ungido (Efésios 2:19-22).
(2) O Lar Representa a Singeleza da Vida cristã
O lar representa humildade, naturalidade e singeleza de coração —as características sobressalentes da igreja primitiva (Atos 2:46; 2 Coríntios 11:3). O lar (falando tipicamente) é um lugar bem mais humilde do que os imponentes edifícios religiosos de nossos dias, com suas elevadas torres, elegantes decorações e espaçosas naves.  Deste modo, a maioria dos modernos edifícios da ‘igreja’ parecem refletir mais a ostentação deste mundo, do que o manso e humilde Salvador cujo nome levamos.
Por contraste, os cristãos primitivos tentavam atrair a atenção para seu Senhor Ressuscitado, bem mais do que para si mesmos ou para suas próprias realizações. Além disso, normalmente, os gastos gerais de um edifício religioso representam muita perda financeira aos irmãos. Seriam mais generosas suas mãos para sustentar obreiros apostólicos (missionários) e para ajudar aos pobres se não tivessem que levar um ônus tão pesado.
(3) O Lar Reflete a Natureza Familiar da Igreja
Há uma afinidade natural entre a reunião caseira e o motivo familiar da igreja que satura os escritos de Paulo. Pelo lar ser o ambiente natural da família, o mesmo proporciona uma atmosfera familiar à ejkklesiiva /ekklesia/ —essa mesma atmosfera que saturava a vida dos cristãos primitivos. Em contraste, o ambiente artificial proporcionado pelo edifício eclesiástico promove um clima impessoal que, por sua vez, inibe a intimidade e a responsabilidade. O edifício eclesiástico convencional produz uma verdadeira rigidez sofocante que é contrária à grata atmosfera extraoficial da reunião caseira. Ademais, é bem fácil ‘perder-se’ num vasto e complexo edifício.
Devido à natureza espaçosa e remota da igreja basílica, não é difícil que as pessoas passem desapercebidas —ou pior, ocultas em seus pecados. No lar não é assim. Todas nossas falhas aparecem ali —e com razão é assim. Na reunião cada um é reconhecido, aceito, alentado e ajudado. Além disso, a maneira formal como as coisas são feitas numa igreja basílica, tende a desanimar a correspondência e espontaneidade mútuas que caracterizavam às reuniões eclesiais primitivas. Por exemplo, se você se esforça em interpretar a arquitetura de um típico edifício de igreja, descobrirá que efetivamente o mesmo ensina que a igreja é passiva. A estrutura interior do edifício não foi desenhada para que haja comunicação interpessoal, coesão social, ministério mútuo ou confraternização. Pelo contrário, está desenhada para uma rígida comunicação unidirecional —púlpito para banco, líder para congregação.
Nesse aspecto, o típico edifício de ‘igreja’ não é diferente de um salão de conferências ou de um cinema. A congregação se encontra cuidadosamente acomodada em bancos (ou poltronas) para ver e escutar o pastor (ou sacerdote) que fala desde o púlpito. O público fixa sua atenção num só ponto —o líder clerical e seu púlpito. (Nas igrejas litúrgicas, a mesa/altar toma o lugar do púlpito como ponto central de referência.) Além disso, o lugar onde se sentam o pastor e sua junta, normalmente é mais elevado do que os assentos da congregação. Semelhante arranjo não só reforça o abismo que separa clero e leigo, como também nutre a mentalidade de ‘espectador’ que aflige à maior parte do Corpo do Ungido hoje em dia. Com respeito a isto W.J. Pethybridge observa sagazmente:
Na reunião de um pequeno grupo que tem lugar na amistosa união de um lar, todos podem conhecer-se mutuamente e as relações são mais reais e menos formais. Um número menor de pessoas torna possível que todos tomem parte ativa na reunião, e assim todo o Corpo de Cristo presente pode funcionar... Ter um edifício especial para reuniões, quase sempre entranha a idéia de uma pessoa especial como ministro, o que resulta num ‘ministério de um só homem’ e impede o pleno exercício do sacerdócio de todos os crentes (The Lost Secret of The Early Church /O segredo perdido da igreja primitiva/).
Então, parece claro que os cristãos primitivos tinham suas reuniões caseiras para expressar o caráter da vida da igreja. Isto é, reuniam-se nas suas casas para alentar a dimensão familiar de sua adoração, comunhão e ministério mútuo. As reuniões celebradas no lar faziam de forma natural com que os santos sentissem que os interesses da igreja eram seus próprios interesses. Isso fomentava um sentido de união entre eles mesmos e a igreja, em vez de distanciá-los dela (como ocorre com tanta freqüência hoje em dia —onde os membros vão à igreja como espectadores remotos, bem mais do que como participantes ativos).
Em suma, a reunião eclesial caseira proporcionava aquelas conexões e relações profundamente arraigadas típicas da ekklesia. O espírito da reunião baseada no lar proporcionava aos santos uma atmosfera do tipo familiar, na qual ocorria o verdadeiro companheirismo de conviver ombro com ombro, em contato direto e em completo acordo.
Produzia um clima que fomentava a sincera comunicação, a coesão espiritual e a comunhão sem reservas —traços indispensáveis para a plena experiência e florecimento da koinwniiva /koinonia/ (comunhão compartilhada) do Espírito Santo para a qual fomos destinados. Em todas estas formas, a reunião eclesial caseira não apenas é fundamentalmente bíblica, como também difere vividamente do serviço religioso moderno de estilo púlpito-banco, onde os crentes se vêem forçados a se confraternizar durante uma hora ou duas com a nuca de alguns. Em sua análise com respeito ao lugar de reunião da igreja, Watchman Nee faz a seguinte observação:
Em nossas congregações de hoje devemos retornar ao princípio do ‘sobrado’. O térreo é um lugar para negócios, um lugar onde os homens vêm e vão; mas há mais de atmosfera caseira no aposento superior, onde as reuniões dos filhos de Deus são tratativas familiares. øULTIMA-A Jantar teve lugar num aposento alto, assim mesmo Pentecostés, e uma vez mais assim mesmo a reunião [de Troas]. Deus quer a intimidade do ‘aposento alto’ para marcar as reuniões de seus filhos, não a rígida formalidade de um imponente edifício público. É por isso que na Palavra de Deus encontramos que seus filhos se reúnem na atmosfera familiar de um lar privado... devemos tratar de fomentar as reuniões nos lares dos cristãos... os lares dos irmãos satisfarão quase sempre as necessidades das reuniões eclesiais (The Normal Christian Church Life /A vida eclesial cristã normal/.)
(4) O Lar Modela a Autenticidade Espiritual
Vivemos num tempo em que muita gente, de modo especial a juventude, está procurando autenticidade espiritual. Para muitos desses jovens, as igrejas que se congregam em anfiteatros, em catedrais de cristal e em edifícios majestosos com torres de marfim, parecem superficiais e frívolas. Por contraste, a igreja que se congrega num lar, serve como um frutífero depoimento da realidade espiritual, em especial aos inconversos que são céticos respeito daquelas instituições religiosas que equiparam edifícios encantadores e orçamentos de muitos milhões de dólares com projetos bem sucedidos.
Muitos inconversos não assistirão a um moderno serviço religioso celebrado numa igreja basílica, espera-se que os que assistem, vistam roupa ‘de marca’ para a função. Mas com freqüência não se sentirão ameaçados nem inibidos de reunir-se na comodidade natural da casa de alguém, onde podem ser ‘eles mesmos’. A atmosfera informal do lar, em contraste com um edifício eclesiástico, é bem mais atraente para eles. Quiçá esta seja outra razão do por que os cristãos primitivos preferiam o singelo ambiente de uma casa para adorar a seu Senhor, mais do que erigir santuários, capelas e sinagogas, como faziam as demais religiões de seu tempo. Ironicamente, muitos cristãos modernos crêem que se uma igreja não possui um bom edifício, seu depoimento ao mundo será de algum modo inibido e seu crescimento ficará entorpecido. Mas nada poderia estar mais longe da verdade. Comentando o fato da igreja primitiva não começar a construir edifícios até o terceiro século, Howard Snyder observa:
...Pode ser que os edifícios sejam bons para qualquer outra coisa, mas não são essenciais nem para o crescimento numérico nem para alcançar profundidade espiritual. A igreja primitiva possuía estas duas qualidades, e até tempos recentes o período de maior vitalidade e crescimento da igreja foi durante os primeiros dois séculos depois de Cristo. Em outras palavras, a igreja cresceu mais rápido que nunca quando não teve a ajuda —ou impedimento— dos edifícios eclesiásticos (The Problem of Wineskins /O problema dos odres/, usado com licença do autor).
(5) O lar atesta que o povo constitui a casa de Deus
Com freqüência se associa a noção contemporânea de ‘igreja’ com um edifício (comumente chamado "santuário"). No entanto, segundo a Bíblia, é nos crentes que a vida de Deus faz morada, aquilo que se chama "a casa de Deus", não é tijolo nem cimento. Enquanto no judaísmo o templo foi o lugar de reunião consagrado, no cristianismo é a comunidade de crentes que constitui o templo.
A localização espacial da reunião cristã primitiva ia diretamente contra os costumes religiosos do primeiro século. Os judeus tinham designado edifícios para sua adoração corporativa (sinagogas), assim como os pagãos faziam (santuários). Assim, tanto o judaísmo como o paganismo ensinam que deve haver um lugar consagrado para a adoração divina. Mas não é assim com o cristianismo. No primeiro século, a igreja primitiva era o único grupo religioso que se reunia exclusivamente em lares. Embora teria sido muito natural se eles seguissem sua herança judia e erigissem edifícios que fossem apropriados para suas necessidades, eles se abstiveram de fazer isso. Quiçá os crentes primitivos conheciam a confusão que os edifícios consagrados teriam de produzir, e portanto, abstinham-se de erigí-los para preservar a afirmação de que o povo constituía as pedras vivas que formam a habitação de Deus.
Conclusão
O que dissemos até aqui pode ser reduzido a esta simples mas profunda observação: a localização social da reunião eclesial expressa o caráter da igreja e, ao mesmo tempo, exerce influência sobre ela. Portanto, a localização espacial da igreja tem um significado teológico. No típico ‘santuário’ ou ‘capela’, o púlpito, os bancos (ou assentos) e o espaço condensado respiram um ar formal que inibe a interação e a afinidade. Por contraste, as características peculiares de um lar —a baixa quantidade de cadeiras para sentar-se, a atmosfera casual, o ambiente de convivência para alimentos compartilhados, o espaço personalizado de sofás macios, etc.— contêm um subtexto relacional que beneficia o ministério mútuo.
Expresso em forma simples, a igreja primitiva se reunia nas casas de seus membros por razões espiritualmente viáveis. E a moderna igreja basílica agride essas razões. Com respeito a estas características da reunião eclesial caseira, Howard Snyder observa sagazmente:
Provavelmente as igrejas caseiras foram a forma mais comum de organização social cristã de toda a história da igreja... Independente do que pudéssemos pensar , se simplesmente olharmos ao redor de nós aqui, veremos centenas de milhares de igrejas caseiras cristãs existentes hoje na América do Norte, América do Sul, Europa, China, Austrália, Europa Oriental, e em muitos outros lugares ao redor do mundo. Em certo sentido, são uma igreja subterrânea, e como tal, representam uma corrente oculta da história da igreja. Mas mesmo sendo oculta, e na maior parte dos lugares não sendo a forma culturalmente dominante, provavelmente estas igrejas caseiras representem o maior número de cristãos em todo mundo ... O Novo Testamento nos ensina que a igreja é uma comunidade em que todos têm dons e todos têm um ministério. Como o ensinam as Escrituras, a igreja é uma nova realidade social que modela e encarna o respeito e a solicitação pela pessoa que vemos no próprio Jesus. Este é nosso elevado apelo. E no entanto, com freqüência, a igreja, de fato, trai este apelo. As igrejas caseiras constituem uma parte importante para escapar desta traição e deste paradoxo. Uma comunidade que está em contato direto uns com outros, engendra mútuo respeito, responsabilidade mútua, submissão mútua e ministério mútuo. A sociologia da igreja caseira fomenta um sentido de igualdade e de mútua dignidade, ainda que a mesma não a garanta, como mostra a igreja de Corinto... No modelo da igreja caseira, a igualdade e o ministério mútuo não são resultado de algum programa nem de um processo educacional; são inerentes à própria forma da igreja. Porque na igreja caseira todos são apreciados e conhecidos —todos têm um lugar por definição. A igreja caseira proporciona um ambiente de solicitação e estímulo mútuos que tende a fomentar uma ampla gama de dons e ministérios. Os princípios neotestamentários do sacerdócio dos crentes, dos dons do Espírito e do ministério mútuo se acham mais naturalmente neste contexto informal... As igrejas caseiras são revolucionárias porque encarnam este ensino radical de que todos têm dons e todos são ministros. Oferecem alguma esperança de sanar o Corpo do Ungido de algumas de suas piores heresias: de que alguns crentes são mais valiosos do que outros, de que apenas alguns cristãos são ministros e de que os dons do Espírito já não funcionam em nossa era. Estas heresias não podem ser sanadas apenas na teoria ou na teologia. Devem ser sanadas na prática, na relação e na forma social da igreja. (Tomado de uma dissertação titulada "Why House Churches Today? /Para que igrejas caseiras hoje?/", apresentada no Seminário Teológico Fuller em 24 de fevereiro de 1996. Usado com licença do autor.)
Enquanto o lugar de reunião normativo para a igreja neotestamentária era claramente o lar, isto não sugere que nunca é apropriado que uma igreja se reúna num local que não seja um lar. Em ocasiões especiais, quando era necessário que "toda a igreja" se reunisse, a igreja de Jerusalém se reunia em predios extensos como os átrios abertos do templo e o pórtico de Salomão (Atos 2:46a; 5:12). Mas semelhantes reuniões de grupos numerosos não rivalizavam com a localização normativa da reunião eclesial regular, que era a casa (Atos 2:46b). Nem também representam um precedente bíblico para que os cristãos erigissem seus próprios edifícios. (Os predios do templo e o pórtico de Salomão eram lugares públicos, ao ar livre, que já existiam antes que aparecessem os primeiros cristãos).
Esses recintos para grupos grandes simplesmente acomodavam "toda a igreja" quando era necessário congregá-la para um propósito em particular Nos primeiros dias da existência da igreja, os apóstolos os usavam para ter reuniões de ensino especiais para o vasto número de crentes e inconversos em Jerusalém (Atos 3:11-26; 5:20, 21, 25,42). (Aqueles casos onde vemos apóstolos indo até à sinagoga, não devem ser confundidos com reuniões da igreja. Tratava-se de reuniões evangelísticas destinadas a pregar o evangelho aos judeus inconversos. Enquanto a reunião eclesial é principalmente para a edificação dos crentes, a reunião evangelística é principalmente para a salvação dos inconversos.
Talvez o Espírito Santo conduza, ou guie, de vez em quando, alguns para congregar-se num edifício. Mas o Espírito só fará isso se verdadeiramente convir aos propósitos do Senhor, se for dirigido mais pelo bem do que pelo zelo, energia e maquinário publicitário humanos, como tão freqüêntemente ocorre. Portanto, devemos guardar-nos contra a tendência carnal de praticar algo simplesmente porque pode representar a última moda do dia. Que o Senhor nos guarde de cair no perigo da antiga Israel quando a esmo "seguiram as práticas das nações"! Não obstante, não há algo que tenhamos de adotar da prática apostólica de reunir-se em casas? Não deveriam ser as reuniões da igreja nas casas mais regra do que exceção, devido aos benefícios vinculados a elas?
Ainda que apenas por isto, não deveríamos arrepender-nos de nossa crítica carnal e injustificado temor dessas igrejas que se reúnem exclusivamente em casas, às quais condenamos erradamente a uma posição subnormal? Que Deus nos livre de adotar insensatamente o atual complexo de edifício porque é o convencional que se tem de fazer.
Tendo examinado a evidência bíblica, a pergunta que fica na nossa mente com respeito à localização da reunião eclesial, não deve ser: "Por que alguns se reúnem em lares?"

fonte: http://www.igrejanoslares.com.br

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Qual A Diferença Entre Os Pequenos Grupos E As Igrejas Nos lares?

Na verdade não há apenas uma diferença, mas várias. E também há semelhanças. Por
volta dos anos 90, as igrejas institucionalizadas começaram a incentivar os seus membros a se congregarem em grupos pequenos, fora dos seus templos, e sem ser aos domingos. Este movimento/método começou nos Estados Unidos, onde adquiriu o título de Small Groups. A idéia básica dos pequenos grupos é que, por não serem multidões como são geralmente as reuniões dominicais das igrejas modernas, os cristãos que deles participam podem desenvolver relacionamentos mais aprofundados e serem pastoreados mais pessoalmente por um líder do grupo, credenciado pela “igreja mãe”. Aliás, essas duas características também estão presentes nas igrejas nos lares, sendo, talvez, as únicas semelhanças entre os dois. As igrejas nos lares também são grupos pequenos – de até aproximadamente vinte pessoas. Os membros das igrejas nos lares partilham a vida com muita intensidade – uns ajudam os outros nas necessidades diárias – não se encontram apenas aos domingos. Os pastores das igrejas nos lares apóiam, orientam e encorajam os crentes de modo personalizado. No entanto, as semelhanças param por aí. E as diferenças são significativas.

Formação:

Os pequenos grupos são formados por afinidade; são temáticos ou etários. As pessoas se agrupam livremente nos pequenos grupos conforme sua preferência, seja por afinidade com um tema (ex. grupos de homens de negócios, grupos evangelísticos, grupos de praticantes de determinado esporte, de admiradores de cinema, de musicistas etc.) ou por afinidade de idade – faixa etária (ex. grupos de adolescentes, grupos de mulheres casadas, grupos de pais, grupos de casais, grupos de adolescentes, de jovens, de solteiras etc.).
Já as igrejas nos lares são constituídas simplesmente por crentes em Cristo, não importando as preferências profissionais, de lazer, nem a faixa etária de cada pessoa. Nas igrejas nos lares, crianças, jovens, adultos e
idosos estão unidos em torno de Jesus Cristo para adorá-lo, e voltados uns aos outros para edificação mútua. Os pequenos grupos segregam a igreja. As igrejas nos lares unem as diferentes pessoas.

Hierarquia Organizacional

Os pequenos grupos são subordinados a uma grande igreja, geralmente denominada como “igreja-mãe” ou de “grande congregação”. Os pequenos grupos existem visando fortalecer os ministérios dos pastores profissionais das igrejas mães. Essas igrejas incentivam a participação dos seus membros nos pequenos grupos, porém exigem que estejam todos juntos aos domingos para os cultos, como sinal de submissão/subordinação. Os pequenos grupos se reúnem de segunda a sábado, para que, aos domingos, todos possam estar no templo da igreja-mãe, para ouvir o sermão do pastor oficial.
Enquanto isso, as igrejas nos lares são igrejas em si mesmas. Não estão subordinadas a nenhuma outra igreja ou instituição. Mesmo naquelas que fazem parte de uma rede de igrejas nos lares, não existe uma relação de
hierarquia delas para com a rede, nem para com outra igreja. Elas são interdependentes; cada uma em si é independente, mas todas se relacionam entre si como igrejas iguais – igrejas irmãs.

Dias de reuniões

As igrejas nos lares se reúnem nos lares dos seus membros, principalmente aos domingos, pois neste dia da semana há mais tempo para a comunhão e edificação. As reuniões dominicais das igrejas nos lares duram de duas a três horas. As reuniões de pequenos grupos, principalmente aquelas realizadas no meio da semana à noite, geralmente só duram uma hora. Para as igrejas institucionalizadas com pequenos grupos, o mais importante é a igreja mãe, o pastor e seus sermões. Nas igrejas nos lares, o mais importante é os membros
estarem conectados como Corpo de Cristo para adoração coletiva, para edificação mútua e comunhão. Raramente há sermão nas igrejas nos lares.
Geralmente a Palavra de Deus é estudada de modo participativo, com perguntas e respostas sobre os textos bíblicos.

Liderança

Os grupos pequenos, por fazerem parte de instituições religiosas, possuem liderança titular, posicional e hierárquica. Os líderes são indicados/empossados pelos pastores da igreja-mãe, e intitulados Líderes de Pequenos Grupos, fazendo parte de um intrincado esquema organizacional, estando acima apenas dos membros do seu grupo e abaixo de supervisores, de presbíteros (ou bispos), de diáconos e dos pastores. O líder de pequeno grupo, como os demais cargos nas igrejas institucionais, tem certo poder, dado pela instituição.
O sistema organizacional dos grupos pequenos é mais ou menos imitado das redes multi-níveis – aquelas que vendem produtos com distribuidores diretos (como a Herbalife, a Natura etc.). Um líder pode chegar a ser supervisor, e na continuidade, chegar até a ser pastor. Os líderes de pequenos grupos são os verdadeiros pastores dos membros da igreja mãe; porém, lamentavelmente, não são reconhecidos pela instituição como pastores. Os que são intitulados pastores são muito mais administradores de empresas (religiosas),
empreendedores, e grandes oradores, do que propriamente pastores. Alguns "pastores" de igrejas modernas erraram a vocação; eles deveriam ter sido palestrantes motivacionais, políticos, executivos, ou empresários.
Nas igrejas nos lares a liderança é natural, funcional e não hierárquica. Os líderes surgem sem ninguém empossar. Eles simplesmente fazem aquilo para o qual foram vocacionados por Deus; e o povo de Deus os reconhece, quando são, de fato, homens de Deus. Também os rejeita naturalmente quando não o são. Os pastores de igrejas nos lares pastoreiam as ovelhas de modo pessoal, e são reconhecidos como pastores, pela igreja, e principalmente por aqueles que são pastoreados por eles. São pais de família, maduros na fé e na sabedoria, de bom testemunho no meio secular – presbíteros, como o Novo Testamento fala. Porém, os pastores das igrejas nos lares não são chamados de “pastor fulano”; eles são chamados pelos próprios nomes, pois são discípulos como os demais. Nas igrejas nos lares evita-se a separação do povo de Deus em duas castas – clérigos e leigos; portanto, não há títulos ou cargos, mas dons e funções. Em igrejas nos lares ligadas a redes, os líderes se reúnem eventualmente para compartilhar experiências e se edificarem mutuamente.
Não há cargos a galgar. Todos são iguais. Decorre disso que os batismos e as ceias do Senhor são ministrados pelos líderes das igrejas nos lares, ou até pelos próprios irmãos.

O estudo bíblico e o discipulado

Nos pequenos grupos, os estudos bíblicos, geralmente, são determinadamente sobre o mesmo tema (e passagem bíblica) pregado pelo pastor oficial da igrejamãe no seu sermão do domingo anterior, e geralmente para concordar com ele, ou assuntos temáticos  voltados para cada classe (casais, jovens, melhor idade, e etc).
Esses estudos já vêm impressos, prontos para serem distribuídos aos membros dos pequenos grupos. Há alguns desses grupos, entretanto, que se reúnem apenas para terem um tempo juntos, para papear sobre o tema de sua afinidade ou para orarem juntos – o que é muito saudável e bom.
Nas igrejas nos lares, por sua vez, cada igreja decide o seu programa de estudos bíblicos dominicais do mês ou do semestre, sendo que os assuntos são decididos pela igreja toda, conforme a necessidade/interesse da igreja. Isto é parte da mentalidade congregacional/conciliar das igrejas nos lares, baseada no Novo Testamento (Atos 15). Assim como a igreja neotestamentária, as decisões das igrejas nos lares são tomadas com toda a comunidade, geralmente em uníssono. Ninguém decide sozinho, e nem há “democracia representativa” – um conselho de decisores delegados. Nada é decidido de-cima-para-baixo. Não se
pode negar que exista a influência dos líderes, mas é todo o povo quem finalmente decide.
Os membros das igrejas nos lares também se reúnem apenas para estarem juntos, para compartilharem refeições, para passearem ou assistirem um bom filme ou show musical em outros dias da semana.
O discipulado, nas igrejas nos lares, é feito pelos presbíteros-pastores, ou por irmãos ou irmãs treinados por eles. É enfatizado o ensino das doutrinas essenciais do Cristianismo aos novos discípulos. É importante ressaltar que, nas igrejas nos lares, o estudo da Palavra de Deus, seja coletivo ou individual, visa à formação de discípulos, para que esses gerem outros discípulos. Os novos discípulos são desde cedo encorajados a serem ativos na igreja, exercendo e desenvolvendo seus dons e seu chamado, e sobretudo, a cumprirem a grande comissão: “fazei discípulos... batizando... e ensinando a guardar tudo que eu vos ordenei...” (Mat. 28.19).
Essas são as principais semelhanças e diferenças entre os pequenos grupos e as igrejas nos lares.

fonte: http://igrejaorganica.blogspot.com