segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A Igreja Primitiva - e os problemas



        A Igreja mais primitiva consistia quase exclusivamente de judeus, os quais continuaram a se encontrar nas sinagogas (especificamente para evangelizar o judeus)*. Quando examinamos o Livro de Atos e as Epístolas, vemos que o ramo judaico estava ligado à sua cultura e tradição. O Evangelho foi exclusivo esforço judaico até o capítulo 11 de Atos. Em Atos 10,  Pedro teve uma visão que o levou à casa de Cornélio em Cesaréia, a fim de ali pregar o Evangelho pela primeira vez aos gentios e estes receberam o Espírito Santo, exatamente como os judeus, no  Pentecostes. Atos está repleto de entreveros entre os que iam para os gentios (Paulo, Barnabé & Cia.) e os apóstolos originais e cristãos judeus, os quais queriam impor aos cristãos as suas tradições. Os cristãos gálatas estavam sendo escravizados pelas tradições judaicas. Paulo explicou que estas eram tão ruins como as tradições pagãs. A disputa deles não se referia às doutrinas, mas  à cultura e à  tradição. Antes de tudo, Paulo apressou os cristãos no sentido de conseguirem sua liberdade em Cristo (Gálatas 5:1). Em Colossenses 2:8 Paulo admoesta contra as regras e regulamentos:
         “Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”
 
            Finalmente, os apóstolos decidiram, sabiamente, permitir que os cristãos judeus agissem de um modo e os gentios do outro - a fim de melhor conservar a igreja gentílica  separada das tradições judaicas. Em Gálatas 2, Paulo descreve uma reunião com Pedro, Tiago, João, Tito e ele próprio, em Jerusalém, a fim de tratar da crescente tensão entre os dois grupos de crentes (Gálatas 2:1-11). Foi aí que decidiram que um grupo deveria ir para os judeus e o outro para os incircuncisos não judeus (verso 10). A igreja primitiva não foi edificada unida. Nem era o show de um homem só. Cada pessoa experimentava o Cristo vivo e todos participavam. Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres eram dons da Igreja para a edificação dos santos (Efésios 4:11-12). Vinham de dentro da própria igreja Eles não eram especialmente treinados ou recrutados. Eram dons no funcionamento para a  edificação do Corpo. Essas não eram posições, mas funções. Eles não corriam atrás de sua própria edificação e poder, mas na edificação do Corpo de Cristo. A igreja primitiva cresceu espontaneamente. Embora alguns cristãos judeus antigos se reunissem nas sinagogas,  (especificamente para evangelizar o judeus)* durante algum tempo (esse foi um problema em termos de libertá-los do Judaísmo), na maior  parte das vezes eles se encontravam nos lares (Mateus 8:14-16; 26:8; 5:42; 8:3; 10:24-27; 16:40; Romanos 16:3; 1 Coríntios 16:40; Colossenses 4:5 e Filipenses 1:2, para nomear apenas alguns). Eles comiam juntos, partiam juntos o pão e viviam juntos. A igreja cresceu como fogo silvestre, sem o benefício de qualquer líder treinado em seminário ou escola bíblica, em programas de formação ou em programas formadores de missionários.
         Imaginem o caos nas reuniões da igreja primitiva. Não devem  ter sido tão espetaculares, com pessoas nada eloqüentes, música não tão boa e, mesmo assim, a igreja funcionava. Não havia expectadores, apenas participantes.  Todos compartilhavam, encorajavam, choravam, oravam, faziam comunhão e comiam juntos. Efésios 5:19 nos conta como eles viviam “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração”. E a 1 Coríntios 14:26  diz: “... Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”.
            A igreja primitiva era também uma Igreja perseguida - primeiro com os judeus perseguindo os cristãos e mais tarde com os romanos perseguindo ambos. Na história antiga os romanos consideravam o Cristianismo como uma seita judaica e por isso deixaram os cristãos em paz. As primeiras perseguições romanas foram desencadeadas por Nero em 64 d.C. Os cristãos eram considerados perigosos, politicamente desleais e sediciosos. Juntar-se a eles significaria morte certa. As verdadeiras perseguições não começaram propriamente até o século 3, quando o estado tentou trazê-los sob o seu controle.
O Livro de Atos e as Epístolas nos contam que a igreja primitiva se esforçava para manter-se fora das tradições judaicas, do pensamento grego e da religião pagã. Quando o primeiro século terminou, a igreja se conscientizou do erro, preservando o Evangelho e mantendo a unidade. Uma vez que a vida e a espontaneidade se foram, a organização tornou-se o único meio de os cristãos se manterem unidos. A  história ensina que as formas sempre seguiam a função e que uma vez criadas as formas, elas se concretizaram e se firmaram, adquirindo vida própria, até mesmo quando as funções originais desapareceram. Os profissionais começaram a tomar o poder. O precedente veio tanto do lado judeu como do gentio. Ambos estavam acostumados a uma casta profissional de sacerdotes.

FONTE: http://www.desafiodasseitas.org.br
*parenteses acrescentados por mim

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