segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A Igreja Primitiva - O que diz a Escritura?



        Nossas idéias sobre a igreja são formadas pela experiência, segundo crescemos e nos acostumamos. Assumimos exatamente a maneira de ser da ”igreja”, já que assim fomos acostumados a vê-la. O que realmente importa não é o que você e eu achamos, mas o que Deus acha. O que diz a Sua Palavra? Irmãos e irmãs, precisamos abrir nossas mentes e corações para “ouvir o que o Espírito diz às igrejas”. Não é simplesmente pelo fato de termos feito sempre as coisas de um certo modo que elas sejam necessariamente corretas, ou que sejam a maneira de Deus. Seria melhor seguir o Senhor do que seguir as tradições humanas. Existe uma inércia em todas as tradições religiosas e é natural que  resistamos às mudanças. Sentimo-nos confortáveis com a maneira de ser das coisas. A maioria dos cristãos nada vê de errado com as suas igrejas. Mas que se lembrem de que essas instituições tendem a nos mudar e moldar, em vez de qualquer outra coisa. Foram elas que nos transformaram no que hoje somos.
        Mas poderia este sistema eclesiástico ser o exato instrumento do nosso engodo? Deveria estar claro a cada pessoa que lesse o Novo Testamento que os primeiros cristãos não iam à igreja. Eles eram a igreja. O Templo Judaico foi substituído  porque  a igreja, ou seja, as pessoas são agora o Templo de Deus - um local corporativo de habitação e não uma estrutura de pedras. A reunião da igreja primitiva não era algo que as pessoas freqüentassem, mas o que elas eram, uma vida compartilhada entre elas. Ela não era dominada por um sermão nem  por uma só pessoa. O ensino bíblico era um aspecto, não o propósito central. A igreja primitiva nada tinha em comum com a instituição de hoje. Era uma grande família, uma dinâmica vida do Corpo, uma comunidade para se compartilhar e amar, onde cada pessoa participava em pé de igualdade.

        “E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia” (Hebreus 1):24-25).
         “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1 Coríntios 14:26).
         “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Efésios 5:19).
         “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao SENHOR com graça em vosso coração” (Colossenses 3:16).
         A característica principal da igreja primitiva era a mutualidade - cada  um participando na edificação do outro. Exceto em casos especiais, a reunião era uma experiência corporativa. Não era dominada por um clero profissional, por um grupo especial de adoração musical, ou por um líder de adoração. Cada crente levava algo para a reunião e tinha liberdade de compartilhar com os demais, através do seu dom espiritual. O sermão não era o centro da adoração.  Não havia um boletim programando a “ordem da adoração”, dizendo quando se devia levantar sentar, cantar,  orar ou escutar. Em vez disso, o Espírito de Deus exercia o controle absoluto, movendo-se livremente entre os membros do corpo. A frase “de um para o outro” é usada 60 vezes no Novo Testamento. Eles [os cristãos] estavam ativamente envolvidos na edificação mútua. Isso é muito diferente dos chamados ministérios disponíveis hoje em dia - de falar, de cantar no coro, de limpar o “santuário” ou manusear transparências. A igreja primitiva era um organismo vivo - o Corpo de Cristo - não uma organização ou instituição.
         Ela confiava plenamente na vida espiritual dos membros individuais, se eles tinham uma vida de vibrante relacionamento com o Senhor, sendo as reuniões ricas expressões de suas experiências. Se não tinham, as reuniões terminavam. Ao contrário da adoração no Templo dos judeus e dos pagãos, a igreja primitiva se reunia principalmente nas casas (Atos 2:46; 8:3; Romanos 16:3-5; 1 Coríntios 16:19; Colossenses 4:15; Filipenses 1:2; 2 João 10, etc.) Se existe um tipo de igreja do Novo Testamento, essa é a igreja doméstica. Ela é mencionada como uma “família” e como a “Casa de Deus”. Quando se fala em comunidade, eles de fato a viviam. O lar é o estabelecimento natural para a comunicação entre os membros, para  o companheirismo e para ali se fazerem as refeições em conjunto. Gálatas 6:10 refere-se aos  “domésticos da fé.”
Efésios 2:19 diz “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus”.  Efésios 3:15 diz: “Do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome”
 
            Se os primeiros cristãos seguissem a tradição, eles teriam se reunido nos templos, conforme o faziam os judeus, (o que não era o desejo de Cristo para sua igreja.)*. Houve um conflito com os judaizantes, os quais queriam impor uma  igreja igual à dos judeus, mas o Senhor Jesus e os apóstolos sempre lutaram contra isso. Jesus não estava estabelecendo uma nova religião, mas uma relação vertical e horizontal com Ele próprio, o indivíduo cristão e o corpo corporativo. A igreja é descrita em termos orgânicospredominantemente nos lares.
        Houve muitas forças contrárias agindo para levar o adorador aos “templos sagrados” - os judaizantes, que teriam transformado a igreja numa seita judaica, com as pessoas adorando nas sinagogas - e os gregos modernistas e os romanos adorando nos templos. Era uma inclinação natural do homem organizar e institucionalizar, de modo que a igreja começou a se apartar da “simplicidade que há em Cristo”. Finalmente, o Imperador Romano Constantino transformou o Cristianismo na religião oficial de Roma.  Poderia vir alguma coisa boa do amálgama de igreja e estado? A partir de Constantino, a igreja foi se transformando maciçamente em edifícios e o clero profissional tomou conta da maior parte da significativa função “espiritual”, e o testemunho da igreja terminou.
        Hoje em dia, a maioria confunde a “igreja” com o “santuário”, o edifício. Os judeus possuem edifícios para a adoração corporativa (sinagogas) e assim  também fazem  os pagãos em seus santuários e templos. Ambos ensinavam que esses eram locais santificados para a adoração divina. Mas isso não acontecia no Cristianismo. A igreja primitiva costumava se encontrar na intimidade dos lares. Poderia ter sido natural que eles se reunissem em edifícios, porém não o fizeram e não apenas em razão das perseguições, pois estas não aconteceram antes do século 3. Deus queria que o Seu  povo tivesse um local de habitação. Ele não queria que este O adorasse num “santuário sagrado”, pois as pessoas eram o próprio templo, o Seu local de habitação - não um edifício.
        A Igreja primitiva não conhecia as organizações ... isentas de impostos, com profissionais remunerados, com uma casta especial de clérigos elevada acima dos outros cristãos, em posições oficiais. O líder da igreja era simplesmente um dos irmãos. Os dons do ministério para o corpo vinham de dentro - não eram recrutados em pesquisas nacionais. A liderança e todas as funções eram locais. A liderança era em termos de função, não de posição - um ofício formal. Eles eram “líderes servos” que dirigiam norteados pelo exemplo e protegidos pelo amor. Os pastores e anciãos do Novo Testamento não operavam como executivos, presidindo alguma empresa religiosa. Não procuravam os conselhos de consultores sobre como arrecadar dinheiro para programas de construção e desenvolvimento de estratégias de crescimento. Liderar não era fazer o ministério, mas dar aos santos o poder de trabalhar no ministério (Efésios 4:11-16) e protegê-los do engodo, do erro (Tito 1:7-14), não governar sobre eles ou criar uma passiva dependência.
        Como Al Dager explica:
         “A Igreja do Novo Testamento, isenta de uma classe especial de clero, dependia apenas da Escritura e do Espírito Santo para guiar uma pluralidade de liderança entre os homens piedosos, sendo este um processo de renascimento” (Mídia Spotlight, Vol. 17, no. 2 p. 8).  Ele prossegue, dizendo:
         “Isso não agrada muito as pessoas religiosas ... especialmente líderes religiosos... que gozam de preeminência entre os rebanhos. A crítica vai abundar, embasada em elementos tipo ‘não eruditamente’... especialmente  anciãos... que não levam iniciais diante dos seus nomes, os quais não usam o tratamento de “reverendo”, “bispo”, “reverendíssimo”  (Ibid, p. 8).
Ele prossegue observando que “O estabelecimento religioso não é exatamente reconhecer a liderança espiritual dos homens ‘não credenciados’. “O nome do jogo para o estabelecimento religioso é controle e auto-glorificação” (Ibid, p. 8). Existe pouco respeito pelo laicato*, o qual deve depender do clero para protegê-lo e alimentá-lo. Será?

 * parênteses acrescentado por mim


Lacaiato: grupo de leigos




FONTE: http://www.desafiodasseitas.org.br 



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